Maior e mais antigo evento de arte do mundo conta com 13 desenhos de Joseca Yanomami e 18 obras de André Taniki
Trinta e uma obras de artistas Yanomami serão exibidas na 60ª Bienal de Arte de Veneza - o maior e mais antigo evento de arte do mundo - de 20 de abril a 24 de novembro de 2024. Intitulada Foreigners everywhere (Estrangeiros em todos os lugares), a Bienal conta com 13 desenhos de Joseca Yanomami e 18 obras de André Taniki.
Joseca participa da pré-abertura do evento de 16 a 19 de abril a convite da própria Bienal de Veneza e com apoio da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e da Galeria Millan. A edição dará visibilidade a artistas de grupos marginalizados como indígenas, imigrantes e refugiados.
Taniki também foi convidado pela Bienal de Veneza, no entanto, tem mais de 80 anos e não poderá comparecer pela sensibilidade de sua idade. Além de artista, Taniki também é um xamã que vive no Alto Rio Catrimani - região onde a arte dos desenhos foi apresentada pela fotógrafa Claudia Andujar - e que produziu a maior parte de suas obras dos anos 1970 a 1980.
A participação do artista na abertura do evento é considerada fundamental para reconhecimento da trajetória dele e para a divulgação da luta yanomami no âmbito internacional.
“Estou muito feliz nesta viagem para participar [da Bienal de Veneza]. É uma felicidade muito grande”, disse Joseca pouco antes de embarcar no aeroporto em São Paulo com destino a Veneza.
Os desenhos que farão parte da exposição foram cedidos pelo Museu de Arte de São Paulo (MASP), que há três anos adquiriu 92 obras de Joseca e em 2022 realizou a exposição “Joseca Yanomami: Nossa Terra-Floresta”.
O repertório do artista Yanomami é composto pelas inspirações da cosmologia de seu povo, fazendo referência aos cantos, mitos xamânicos, a floresta, a defesa do território e os sonhos.
Sobre Joseca Yanomami
Nascido na década de 1970, na região do Demini, Terra Indígena Yanomami, e membro da comunidade Watorikɨ, Joseca é um notável artista de seu povo. Há mais de duas décadas, ele começou a desenhar e esculpir animais em madeira.
“Quando eu aprendi a desenhar, eu ouvia os pajés cantando e eu gravava na minha cabeça para desenhar depois”, Joseca contou ao ISA em 2021. “Desenho os parentes, os animais, árvores, os passarinhos, araras, macacos, antas, peixes”.
Joseca também é o primeiro estudioso de línguas de sua comunidade e foi professor em Watorikɨ no início dos anos 1990. Além disso, foi o primeiro Yanomami a trabalhar na área de saúde.
Histórico de exposições com obras de Joseca Yanomami
- Yanomami: O Espírito da Floresta - Fundação Cartier para Arte Contemporânea, Paris, França - 2003
- Histórias de Verão - Fundação Cartier para Arte Contemporânea, Paris, França - 2012
- Histórias Mestiças - Instituto Tomei Ohtake, São Paulo, Brasil - 2014
- Nós, as Árvores - Fundação Cartier para Arte Contemporânea, Paris, França - 2019
- Mundos Indígenas - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil - 2020
- Árvores - Power Station of Art / Fundação Cartier para Arte Contemporânea, Xangai, China - 2021
- Moquém Surari: Arte Indígena Contemporânea - Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil - 2021
- Seres enraizados - Wellcome Foundation, Londres, Inglaterra - 2022
- Os Vivos - Fundação Cartier para Arte Contemporânea, Lille, França - 2022
- Joseca Yanomami: Nossa Terra-Floresta - Museu de Arte de São Paulo, Assis Chateaubriand, Brasil - 2022
- Histórias Brasileiras - Museu de Arte de São Paulo, Assis Chateaubriand, Brasil - 2022
- Siamo Foresta - Fundação Cartier para Arte Contemporânea e Triennale de Milano, Itália - 2023