Editada pelo ISA e pela Foirn, a Aru 5 traz as estratégias dos povos indígenas do Rio Negro para proteger vidas em um cenário de omissão
Da arrumação xamânica do mundo até a chegada da vacina contra a Covid-19, o enfrentamento à pandemia na região do Médio e Alto Rio Negro, Amazonas, percorreu um longo caminho serpenteando rios, igarapés, igapós e corredeiras – com turbulência, omissão e mortes –, resistência indígena e colaboração.
Com textos de indígenas e não indígenas, a 5ª edição da Aru – Revista de Pesquisa Intercultural da Bacia do Rio Negro, editada em parceria pelo Instituto Socioambiental (ISA) e Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), retrata esse cenário e a memorável estratégia indígena de resistência e proteção frente à crise sanitária numa das regiões mais preservadas da Amazônia, onde estão os municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos e cerca de 750 comunidades (algumas delas remotas) onde convivem povos de 23 etnias.
A Aru 5 tem edição da jornalista do Instituto Socioambiental (ISA), Ana Amélia Hamdan, em colaboração com Aloisio Cabalzar, Juliana Radler, Dulce Morais e Carla Dias. Com o filme Cura e o podcast A Nova Doença dos Brancos, a Aru compõe o especial Memoráveis: resistência, estratégias e saberes indígenas no combate à pandemia de Covid-19 no Rio Negro.
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Essa edição é lançada em 2024 – quatro anos após o início da pandemia –, com a perspectiva de que não é possível deixar de lembrar da crise sanitária, especialmente frente à emergência climática e a um modelo de desenvolvimento que nos coloca cada vez mais diante do risco de novas epidemias.
Diante da falta de resposta da ciência do não indígena, à quase ausência de ações de órgãos oficiais e de um Governo Federal negacionista e anti-indígena, os povos do Rio Negro fortaleceram parcerias. A proteção veio também do entendimento sofisticado de saúde, que incorpora ambiente, natureza, saberes ancestrais, cosmologia e bem-viver.
A mobilização pelo mínimo de estrutura e oxigênio ocorreu num esforço interinstitucional de órgãos públicos – especialmente de profissionais da saúde da linha de frente - e de organizações da sociedade civil, entre elas a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e o ISA.
Homenagem
Em São Gabriel da Cachoeira (AM), o lançamento aconteceu em 22 de fevereiro, na sede do ISA na cidade. O momento foi marcado pela homenagem ao antropólogo Dagoberto Azevedo, um dos autores da Aru, falecido em 2023. Parte de seu trabalho foi dedicada à possibilidade dos encontros – de culturas, de conhecimentos, de indígenas e não indígenas –, ideia essa presente na publicação.
A esposa de Dagoberto, Helena Marques, povo Piratapuya, e as filhas Adele e Rutiene, ao lado do diretor da Foirn, Nildo Fontes, povo Tukano, e de Aloiso Cabalzar, revelaram a placa com o nome do antropólogo indígena: o Telecentro na sede do ISA em São Gabriel da Cachoeira agora leva o nome de Sala Dagoberto Azevedo - Suegʉ. Na placa, a imagem do banco Tukano, que compõe a cultura do povo dessa etnia.
Sobre a revista
Em publicação semestral desde 2017, a Aru – Revista de pesquisa intercultural da Bacia do Rio Negro é um projeto conduzido por Aloisio Cabalzar, tendo como base o trabalho da Rede de Agentes Indígenas de Manejo Ambiental (AIMAS). Sua proposta é estimular iniciativas de colaboração e trocas entre conhecedores e pesquisadores indígenas e não indígenas, que atuam em diferentes espaços de produção de conhecimento sobre a Bacia do Rio Negro, seus ciclos de vida e processos de transformação.
Serviço
Lançamento Especial Memoráveis
Loja Floresta no Centro (ISA)
Data: 05/04, às 19h
Endereço: Av. São Luiz, 187 - Galeria Metrópole - Centro Histórico de São Paulo / SP
*Roda de conversa com a socióloga e liderança Elizângela Costa, povo Baré, e com o antropólogo Aloisio Cabalzar.
Faculdade de Saúde Pública da USP
Data: 19/04 - Dia dos Povos Indígenas, às 16h
Endereço: Anfiteatro Paula Souza - Rua Dr. Arnaldo, 715 - São Paulo / SP
*Roda de conversa com a antropóloga e liderança Francy Baniwa e com a socióloga e liderança Elizângela Costa, povo Baré.